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"Brasil" e "mulher" são palavras mais citadas por Dilma em discursos nos primeiros cem dias de governo

Em 32 discursos nos seus cem primeiros dias na Presidência, Dilma Rousseff citou principalmente o país que comanda e o sexo feminino, que representa no cargo mais importante da República. A oposição e o combate à corrupção, no entanto, só mereceram uma menção da mandatária, que também desacelerou nas citações a Deus – tão fartas durante a campanha que a elegeu para suceder Luiz Inácio Lula da Silva.
Um levantamento feito pelo o jornal web Notícias apontou que até quinta-feira (7) a palavra “Brasil” foi a mais citada por Dilma: 266 vezes (veja acima a nuvem de palavras com as palavras mais citadas pela presidente). Em seguida aparece “mulher”, 167 vezes – à frente até de governo (151) e de temas como saúde (79) e educação (75). A contagem não inclui nominatas, que são cumprimentos a ocupantes de cargos públicos e a entidades, o que alteraria o sentido da amostragem, nem entrevistas, com chance de perguntas aleatórias.

MULHER

Nós temos olhado com muito cuidado, com muito carinho para as mulheres. As mulheres são fundamentais quando se trata da família. Todo mundo sabe que uma mãe, para deixar um filho sem dar de comer, é quase impossível
Dilma, durante evento em Irecê, na Bahia
Se as citações ao próprio país não surpreendem no topo da lista de palavras, a palavra mulher é uma novidade no segundo lugar. Desde a vitória, em outubro, Dilma faz questão de ser chamada de presidenta para fazer uma distinção de gênero que indique a presença feminina na cabeça do governo federal. Ela transformou o Dia Internacional da Mulher, em março, em mês comemorativo -- no mês passado, ela fez seis discursos que tinham as mulheres como tema prioritário (veja abaixo álbum com algumas das frases da presidente sobre o gênero feminino).

Uso e desuso de Lula

O político mais citado por Dilma em seus discursos até 10 de abril foi Lula: 56 vezes. Há manifestações públicas dela que citam o governo anterior sem dizer o nome de seu mentor e principal cabo eleitoral em 2010. Em seguida aparece o ex-vice-presidente José Alencar. Antes de morrer, a presidente fez referência ao amigo 23 vezes em seus pronunciamentos, incluindo o de um evento em São Paulo para conceder uma medalha ao político mineiro.

BRASIL

Aprendemos que quando se governa amando o Brasil, preservando a sua soberania e desenvolvendo o nosso país para torná-lo do tamanho do sonho de cada brasileira e cada brasileiro, uma força imensa é mobilizada e todos nós avançamos juntos
Dilma, em seu discurso de posse
Alguns dos termos mais pronunciados por Lula ao longo de seus oito anos na Presidência caíram em desuso. O ex-presidente costumava fazer referências religiosas e citava Deus com recorrência. A sucessora, que já disse se equilibrar na questão sobre a existência do divino ou não, usou a palavra apenas quatro vezes – duas delas em seu discurso de posse no Congresso, em 1º de janeiro deste ano. Outra delas, “amor”, só foi dita cinco vezes por Dilma.
A oposição, que Lula adorava provocar em seus discursos, só apareceu no primeiro pronunciamento de Dilma como presidente. E com sentido diferente: estendeu a mão aos adversários. Sobre corrupção, apenas uma citação, prometendo combatê-la. Desde que assumiu, ela construiu uma enorme base de apoio no Congresso e já viu ministros, como Pedro Novais (Turismo), envolvidos em suspeitas de malfeitos.
“Pré-sal”, um dos assuntos que o ex-presidente fazia questão de incluir em qualquer pronunciamento, foi citado por Dilma apenas 15 vezes desde a posse. Democracia, assim como nas manifestações de Lula, foi mais frequente: 35 aparições, muitas delas durante a visita do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, e em sua primeira viagem como mandatária, à Argentina, onde se reuniu com a colega Cristina Kirchner.

Economia e direitos humanos

Apesar de ser economista, a presidente só citou a palavra “economia” 29 vezes. Indiretamente falou no assunto 51 vezes ao usar o termo “desenvolvimento”.  A antítese também ganhou atenção de Dilma, cujo governo tem como slogan a frase “País rico é país sem miséria”. O termo “pobreza” surgiu 42 vezes nos primeiros 100 dias de governo. “Miséria” apareceu 40 vezes nos pronunciamentos da presidente.
Sobre a necessidade de reformas, ela foi modesta: apenas 12 menções, embora membros de sua equipe falem sobre uma eventual mudança na área tributária. No Congresso, há comissões que tratam de reforma política, uma das que disse que promoveria durante a campanha eleitoral do ano passado.
Presa durante o Regime Militar (1964-1985), Dilma citou sete vezes o termo “direitos humanos”.  Nenhuma dessas menções aconteceu durante o discurso na cerimônia de apresentação das insígnias das Ordens do Mérito da Defesa e das Forças Armadas, no início de abril. Ali, preferiu utilizar o termo “paz” 34 vezes.

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