Lucélia de Carvalho conquistou o quarto título pan-americano no caratê. Enquanto ela lutava, um homem torcia e gritava ao lado do tatame. Na cerimônia de premiação, a mesma pessoa se emocionava durante o hino nacional executado pela vitória da brasileira. Era o marido e também carateca Douglas Brose. O casal costuma fazer tudo junto, inclusive, treinar. Eles se batem sem dó, mas evitam a região abdominal. Tudo porque pretendem ter um filho antes do Pan de Toronto-2015.
LUCÉLIA VENCE MEXICANA E É A ÚNICA BRASILEIRA TETRACAMPEÃ DO PAN
- Lucélia de Carvalho entrou no Pan de Guadalajara para defender seus três títulos no caratê. E obteve novo êxito nesta sexta-feira. A brasiliense venceu a mexicana Yadira Lira na final até 68 kg e faturou o ouro. A atleta de 33 anos tem 100% de aproveitamento em suas quatro participações no torneio continental e se tornou a única brasileira tetracampeã pan-americana.
A única brasileira tetracampeã pan-americana evita criar expectativas em torno da participação daqui a quatro anos. “Se eu chegar em condições de representar bem o Brasil, vou tentar. Mas tudo vai depender do momento”, explicou Lucélia de Carvalho. Enquanto o futuro no tatame ainda está indefinido, a carateca já faz planos na vida pessoal. “Pretendo ter um filho sim. Entre esse Pan e o próximo”, afirmou.
Lucélia de Carvalho e Douglas Brose se conhecem desde 2004. Passaram a morar juntos em 2007, mas só oficializaram a união em dezembro do ano passado. Agora, querem encomendar o primeiro herdeiro. E a futura gravidez já interfere na rotina de treinos do casal. Eles se batem sem dó, mas o carateca campeão mundial em 2010 evita acertar a esposa na região abdominal.
“Ela desce a mão em mim. Estamos acostumados já. É uma pancada controlada. Eu evito a região do tronco, por causa dos seios e do útero. Ainda mais porque a gente quer ter um filho, não posso arriscar. Mas de resto, eu não alivio não”, contou Brose. O treino com o marido ajuda Lucélia a aprimorar agilidade e velocidade, menos comuns na categoria até 68 kg. “Eu dou porrada com técnica. É muito bom treinar com ele, porque é homem e mais rápido. Não tenho dó não. Bato onde pode bater”, confirmou a brasiliense.
Além de treinar, o casal costuma viajar junto para as competições. E passam boa parte do tempo grudados. No Pan de Guadalajara, eles experimentaram uma sensação rara. Os dois lutaram no mesmo dia e ficaram divididos. Douglas Brose entrou no tatame e foi derrotado pelo colombiano Andres Rendon na semifinal – repetiu o desempenho do Rio-2007 ao levar o bronze. Na sequência, veio o combate de Lucélia de Carvalho.
“Vi só alguns momentos da luta dele, porque estava aquecendo para a minha. Não podia ficar ali do lado direto. Não tinha como não ficar nervosa”, contou Lucélia, que superou a venezuelana Yoly Guillen na semifinal. “Sei que o meu resultado abalou um pouco ela. Mas conversamos e eu disse que acabou, já passou. Era esquecer e partir para a luta dela, que era mais importante. E não deu nem tempo de ficar triste com a derrota, porque ela ganhou”, explicou Brose.
Durante toda a final contra a mexicana Yadira Lira, Douglas permaneceu perto do tatame na torcida. Ele gritava desesperadamente instruções para a esposa – mais até que o próprio técnico. “É incrível. Pode estar o maior barulho, que eu ouço a voz dele. É sempre assim, um torcendo pelo outro ali bem pertinho”, disse a tetracampeã pan-americana. Lucélia de Carvalho terminou o confronto contra a dona da casa empatada sem pontos. A prorrogação também permaneceu igual e os árbitros confirmaram a vitória brasileira, mesmo diante dos protestos do público presente.
Agora, o ouro da brasiliense e o bronze do gaúcho devem ganhar lugar especial no novo apartamento do casal em Florianópolis (SC). Com a mudança e as constantes viagens, eles ainda não organizaram a galeria de medalhas e troféus – que terá espaço cativo para os quatro ouros pan-americanos de Lucélia e o título mundial de 2010 de Douglas Brose.
0 comentários:
Postar um comentário